sábado, 8 de setembro de 2018

A Escada Rolante de CDB

Tudo começou quando eu estava procurando alguma opção pra minha reserva de emergência que pudesse render mais do que os 0,2% ao ano (!!!!!) do meu banco. Pra você ter uma ideia, 1 mês de poupança do Brasil (considerando o ano de 2018) equivale a quase 2 anos de rendimento da poupança do meu banco no Tio Sam. Eu tenho que esperar 2 anos aqui pra receber o mesmo que 1 mês de poupança no Brasil!!! E não podemos esquecer que poupança brasileira é um investimento bem ruim.

Então fiquei feliz quando encontrei os bancos digitais nessas terras de cá. Escrevi sobre isso neste artigo: Analisando a Poupança do Tio Sam. As taxas são até 15 vezes maiores que as do meu banco. Um dia resolvi abrir uma conta em um desses bancos e descobri que eles só aceitam residentes, ou seja, portadores de green card ou cidadãos, o que não é o meu caso no momento.

Mas eu precisava de alguma solução que não arriscasse minha reserva de emergência e rendesse mais. Essa reserva precisa estar disponível prontamente caso algo ruim aconteça e ela nunca pode ter rendimento negativo porque não há tempo de esperar uma recuperação.

Foi então que eu descobri a escada rolante de CDBs (foi minha tradução para CD laddering). Funciona assim:


A figura mostra as taxas de CDB do meu banco hoje. O seu banco pode ter taxas diferentes e daqui a alguns meses, provavelmente os valores vão ser diferentes até no meu próprio banco. Quanto maior o prazo do CDB, maior o retorno. Mas segurar a reserva de emergência por 2 anos também não é recomendado.

Então o que fazemos é dividir o dinheiro que se quer investir em 4 pilhas iguais. Se temos US$ 10.000,00, são 4 pilhas de US$ 2.500,00. Uma pilha vai para um CDB de 6 meses, outra pra um de 12 meses e assim por diante.

O tempo vai passar e depois de 6 meses o primeiro degrau da escada rolante chega no chão, o que significa que o dinheiro volta pra sua conta. Aí você tem 3 opções:

  1. Usar o dinheiro, porque você se encontra numa situação de emergência. Não vá comprar um notebook novo com esse dinheiro! É só pra emergências.
  2. Colocar o dinheiro no savings porque você acredita que uma situação de emergência tem o potencial de acontecer em breve.
  3. Sua vida está tranquila e estável e nenhum risco aumentou. Nesse caso você coloca esse dinheiro de volta no topo da escada rolante, o que significa comprar um novo CDB de 24 meses.
Com a opção 3, você sempre vai receber 1/4 do valor de volta dentro de 6 meses. Após 1 ano e meio, você estará aproveitando as taxas mais altas do investimento de 24 meses em todos os degraus da escada, mas terá a liquidez de um investimento de 6 meses! Ótimo, não?

Agora algumas dicas e cuidados que precisam ser tomados:

  1. CDB no Tio Sam é chamado de CD.
  2. Não use essa estratégia com toda a sua reserva de emergência. Parte dela precisa ficar num ativo de liquidez diária como o savings. O que eu fiz pra mim foi colocar 1/3 da minha reserva de emergência na escada rolante. Veja o que deixa você mais confortável.
  3. Verifique se seu banco permite o saque antes do fim do prazo. Numa emergência séria, você talvez precise do dinheiro todo e não 1/4 dele. Se o seu banco não permitir o saque antecipado, procure outro banco ou não use a estratégia da escada rolante!
  4. Mesmo que o banco permita o saque antecipado, haverá cobrança de multa. Veja se o valor da multa é baixo. O meu banco cobra 3 meses de rendimento para o saque antecipado de CDBs de até 12 meses e 1 ano de rendimento para os demais prazos. Eu pesei na balança o risco de ter que sacar antes com o risco de oportunidade de deixar o dinheiro no savings a 0.2% ao ano, comparados aos 2.5% ao ano do CDB de 24 meses. Pra mim valeu a pena. Veja o que vale para você.

Não sabe o que é CDB? Dê uma lida nesse artigo do Clube dos Poupadores, bem didático: Como Investir em CDB.

Atualização: dica do Aposente aos 40 - http://www.aposenteaos40.org/2018/07/por-que-escada-de-cdb-e-uma-boa.html - a Fidelity tem um produto pronto com a escada rolante em forma de pacote. As taxas estão melhores que no meu banco.


Veja informações quentinhas diariamente no Twitter do Meu Dindim no Tio Sam: https://twitter.com/meudindimtiosam

sábado, 25 de agosto de 2018

Long & Short: que palavrão é esse?

Observe esse gráfico, retirado deste site: https://katusaresearch.com/chart-45-years-making-commodities-vs-sp500/



Ele mostra o desempenho desde 1971 de algum tipo de investimento que por 3 vezes, durante crises, chega a se multiplicar de 8 a 9,5 vezes. Isso significam ganhos de 900% a 1050%.

Agora veja as regiões verdes do gráfico. São os pontos onde o investimento atingiu seus menores valores, anos antes de, vagarosamente, caminhar para os picos.

Você diria que hoje é um bom momento para comprar isso? Você poderia responder "sim, Márcio, me diga onde eu compro isso". Pois bem, isso não é uma ação, um título, ou um fundo. Isso mostra a relação entre dois índices: o índice de commodities da S&P e o índice de ações S&P 500.

Então é impossível operacionalizar esse investimento? Não! A primeira coisa a entender é que se tratam de 2 ativos. No Tio Sam você encontra fundos que conseguem seguir esses índices. A outra coisa para entender é qual a razão (divisão) que o gráfico está mostrando: índice de commodities dividido por S&P 500.

Para montar o investimento nessa razão (divisão), você primeiro precisa comprar o ativo que está em cima da barra de divisão, no caso o índice de commodities. Essa foi a parte mais fácil de entender. Em seguida, você precisa vender o ativo que está embaixo da barra de divisão, ou seja, o S&P 500. Mas Márcio, eu não tenho esse fundo, como vou vender? Milagres da bolsa de valores: você pode vender um ativo, mesmo sem ter. A única coisa é que a bolsa vai pedir pra você deixar algo em garantia. E a garantia será o fundo de índice de commodities que você comprou antes. Isso significa que, enquanto você estiver “vendido” em S&P 500, você não pode tocar no fundo de índice de commodities.


Pronto, você acabou de fazer uma operação chamada Long & Short! Não é tão simples, mas também não é impossível de entender.

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domingo, 4 de fevereiro de 2018

A distribuição de proventos no Fundo é uma praga

Se você já investiu em um fundo no Brasil, deve saber que dividendos recebidos e ganhos com valorização dos ativos aumentam o valor da cota. Ou seja, sempre que o fundo vender uma ação com lucro, esse dinheiro é reinvestido no próprio fundo e o valor da cota fica maior. Se você nunca investiu em fundo e não entende a terminologia, recomendo ler Fundos (por Clube dos Poupadores), antes de prosseguir na leitura.

No Tio Sam, as coisas são bem diferentes nesse aspecto: por lei, proventos e ganhos de capital devem ser distribuídos aos cotistas. E o que distribuir o provento significa? Significa que um montante vai ser reduzido do valor investido e vai "aparecer" na sua conta. Também é possível que o fundo envie um cheque para a sua casa!?!?! Moderno, não?

Pra entender melhor o que acontece, um exemplo: você tem $1000.00 investidos em um fundo, cuja cota vale $1.00. Logo, você tem 1000 cotas. Por sinal, valor da cota no Tio Sam se chama NAV ou Net Asset Value. Vou sempre me referir a NAV a partir de agora. Suponha que uma das ações do fundo distribuiu dividendos. Por lei, o fundo deve pegar esses dividendos e distribuir para os cotistas. Então, no dia seguinte, você recebe os dividendos na sua conta ou através de cheque. No nosso exemplo, foram $100.00 em dividendos. Você olha o valor que tem investido e o que vê? $900.00. Isso mesmo, o valor investido diminuiu! E o NAV? Baixou para $0.90!



Mas tudo bem. Você soma os $900.00 investidos e os $100.00 que apareceram na sua conta e o total é $1000.00. Você não perdeu nada. Uma decisão que você pode tomar é reinvestir os $100.00. Então você comprará 111.11 cotas, totalizando 1111.11 * $0.90 = $1000.00. Se o fundo tivesse vendido alguma ação com lucro, o lucro também deveria ser distribuído. O mesmo vale para cupons de títulos (bonds).

Até aqui, a única desvantagem aparentemente é a encheção de ter que verificar a conta de vez em quando e reinvestir o dinheiro. Na verdade, há outra desvantagem: o NAV diminuiu, mesmo o fundo tendo lucros. Ou seja, não é possível usar o NAV para ver o histórico de retorno do fundo. Se você quiser analisar o histórico de um fundo, procure o Total Return, que soma o NAV com os proventos distribuídos. A vantagem aparece para quem está vivendo de renda: os proventos que chegam na conta são como um pagamento de salário.

E é justamente porque os proventos funcionam como uma espécie de salário, que surge o grande perigo oculto: impostos! Todos os proventos distribuídos pelos fundos entram na soma do seu income anual e você tem que pagar impostos sobre isso. Parece algo rotineiro e esperado? Sim, parece. Mas é justo? Julgue por si após ler as próximas linhas.

Voltemos ao exemplo em que você recebeu $100.00 de proventos para $1000.00 investidos. Imagine, agora, que você investiu no dia anterior. Isso significa que você não teve tempo de ganhar nem mesmo um centavo do fundo de um dia pro outro. O que aconteceu é que você investiu $1000.00 num dia e "recebeu de volta" $100.00 no dia seguinte. E pro IRS? Você recebeu proventos! Sobre os $100.00 você irá pagar de $5.00 a $15.00 de imposto. Faça as contas comigo: $0.00 de ganhos e $15.00 de imposto. Justo?

Mas a coisa fica ainda pior. Outro exemplo: um fundo guarda suas ações vencedoras por muitos anos e suas cotas aumentam ao longo do tempo. Então você investe nesse fundo. Infelizmente, uma crise começa bem nesse dia e nas próximas semanas você perde 20% do valor investido. O fundo resolve agir para reduzir o potencial de prejuízo e vender algumas ações, ainda com lucro (eles compraram bem antes de você entrar).



O que acontece quando o fundo vende ações com lucro? Isso mesmo, o lucro tem que ser distribuído pros cotistas. Então você recebe um montante na sua conta (ou um cheque). Qual o próximo passo? Isso mesmo, pagar imposto! Resultado: 20% de prejuízo e, mesmo assim, você é obrigado a pagar imposto sobre um suposto lucro. Justo? Pra mim, é tudo menos justo...

E o que fazer? Infelizmente, você não tem como mudar a lei. Então, precisa tomar alguns cuidados para minimizar o risco dos proventos.

  1. Investir através de um IRA. Já comentamos sobre o IRA em tweets e no blog: https://meudindimnotiosam.blogspot.com/search/label/IRA. A vantagem do IRA é que os proventos são isentos de impostos até o dia do saque. No saque, você tem que pagar, mas até lá pode reinvestir seus proventos sem ter que pagar imposto antecipado. A desvantagem do IRA é que você só pode sacar a partir de 59.5 anos e há limites de depósito anuais bem baixos.
  2. Investir num fundo a partir de um plano de previdência do seu empregador. Aqui há as mesmas desvantagens do IRA. Outra desvantagem é que as opções de investimento dos planos de previdência são bem limitadas, comparadas ao que existe no mercado.
  3. Entrar em contato com o administrador do fundo e perguntar se há alguma distribuição de proventos planejada em breve. Nesse caso, somente invista no fundo depois que a distribuição aconteceu.
  4. Escolher fundos com turnover rate (taxa de rotatividade) menor que 10%. Essa taxa indica o quão frequente o fundo compra e vende os ativos.
  5. Dar preferência aos fundos em que os gerentes investem seu dinheiro pessoal. Essa informação é requerida por lei. Esses fundos costumam distribuir proventos somente quando necessário porque os gerentes tem interesse em pagar menos impostos.
  6. Se for investir em fundos de títulos (bonds) procure um que contenha municipal bonds. Normalmente os proventos desses bonds são isentos. Já falamos brevemente em municipal bonds em tweets e no blog: Títulos públicos - esquentando o tema.
  7. Procure por tax-managed funds. Esses são fundos que minimizam a distribuição de proventos, reduzindo as chances de você pagar impostos.


Tenha em mente que pagar impostos injustamente é parte do jogo e essa é apenas uma das características que você precisa analisar. Se você vê um fundo que distribui poucos proventos e rende 5% ao ano e outro que distribui aos montes e rende 15% ao ano, prefira o de 15%. Isso porque o seu rendimento menos impostos ainda será maior do que o fundo que distribui menos e tem menor rendimento.


sábado, 23 de setembro de 2017

The Retirement Gamble - sugestão de filme

Acabei de assistir "The Retirement Gamble". Pra quem tem um 401(k), 403(b), ou IRA, vale a pena dar uma olhada. São só 52 minutos: http://www.pbs.org/wgbh/frontline/film/retirement-gamble/

domingo, 3 de setembro de 2017

Bye-bye dindim no Brasil?

Cheguei nos Estados Unidos preocupado em como iria fazer pra investir meu Dindim aqui. Fui aprendendo com o tempo. Agora descobri outra fonte de preocupação que eu não esperava: como investir no Brasil?!?!?! Aparentemente essa é uma tarefa impossível!

Ano que vem terei que entregar minha declaração de saída definitiva o que me coloca no mesmo status de estrangeiro perante a Receita Federal e as instituições financeiras. Aí a dor de cabeça começa...

Consultei com um advogado que me contou que em 2015 houve um acordo mundial para dificultar a vida de "lavanderias de dinheiro" e circulação de dinheiro de tráfico de drogas. O Brasil aderiu ao acordo. O BC criou uma série de normas baseadas nesse acordo e os bancos não souberam como implementá-las sem um custo altíssimo.

Resultado: os bancos preferem não abrir "Contas para Domiciliados no Exterior" (CDE) para não ter esse custo. Corretoras também não.

Começou minha saga: escrevi pra minha corretora atual - ModalMais - e pra XP. Nenhuma das duas tem interesse. Vou precisar fechar minha conta ano que vem. Escrevi pro BTG Pactual, tentando investir num fundo deles. Resposta: apenas para brasileiros residentes. O Banco Itaú me escreveu dizendo que eu teria que comparecer na agência para eles me explicarem o processo. Bastante simples pegar 16 horas de vôo para bater um papo com um gerente, não acham? Mas pelo que li em um blog, o Itaú cobra R$1.000,00 por mês de tarifa para CDE... Se você investir mais de 200 mil reais com eles, fica bem mais em conta: R$400,00 por mês... Não verifiquei se é verdade, mas assim que descobrir eu conto mais aqui.

Achei um artigo no blog do Diário do Casal 20, que está sensacional: https://diariodocasal20.wordpress.com/2017/03/18/comunicacao-de-saida-declaracao-de-saida-definitiva-do-brasil-e-como-manter-conta-bancaria-no-brasil/. Vou tentar conversar com o Banco Safra, que está sendo minha última esperança.

Caso eles não consigam me ajudar, infelizmente acho que não poderei investir no meu próprio país. Essa é a perfeita estratégia perde-perde. Eu perco, o país perde, os bancos e corretoras perdem.

E vocês? Já passaram por isso? Conseguiram montar alguma estratégia que funcionou?

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Analisando a Poupança do Tio Sam

Minha primeira dúvida quando cheguei no Tio Sam: onde vou guardar o dinheiro para a reserva de emergência? Sempre ouvi dizer que a caderneta de poupança era uma jaboticaba, ou seja, algo que existe apenas no Brasil. Haveria algo assim no Tio Sam?

Então alguns amigos me disseram: é só colocar o dinheiro no Savings. Mas o que é o Savings? Resposta: ué, é a poupança daqui.

Minha jaboticaba caiu por terra! Então existe sim uma poupança fora do Brasil. Pra quem está chegando no Tio Sam, isso costuma ser novidade.

Mas como o Savings funciona? Simples: você transfere dinheiro da conta para o Savings, ou faz o depósito direto, igual você faz no Brasil. Por sinal, a conta-corrente chama-se Checkings aqui no Tio Sam. Provavelmente reflexo da época em que só se podia fazer pagamento em cheque. No início do mês seguinte você recebe juros na sua conta Savings. Sempre uma vez por mês. Igualzinho na poupança do Brasil.

Mas não tem nenhuma difereça da poupança do Brasil? Sim, há diferenças. Vamos a elas!

  • O Savings tem data de aniversário? Não, você pode depositar e sacar em qualquer dia do mês. O dia em que os juros são depositados é o mesmo.
  • Se eu sacar antes de 1 mês, perco o rendimento? Não. Os bancos tem regras diferentes para calcular o montante usado nos juros. Pode ser o saldo médio do Savings durante o mês, o menor saldo do mês, o saldo no dia dos juros, o saldo no início do mes seguinte, etc. Portanto, se você sacar antes de um mês ou depositar no meio do mês, o resultado no cálculo dos juros vai variar de banco pra banco.
  • Posso sacar do Savings quantas vezes eu quiser, igual na Poupança? Não. Normalmente os bancos do Tio Sam restringem a 6 saques por mês.Se você sacar uma sétima vez, terá que pagar uma taxa. Seria algo em torno de US$10,00. Compare isso aos centavos que você recebeu de juros!
  • No Brasil, os bancos são obrigados a usar 65% dos depósitos da Poupança em empréstimos para compra de casas. Há algo assim no Tio Sam? Não. Os bancos são livres para emprestar o dinheiro do Savings para o que eles bem entenderem. Não há pré-designação dos recursos.
  • No Brasil, os rendimentos da Poupança são isentos. E no Tio Sam? Não. Você tem que pagar imposto nos rendimentos do Savings.
  • E o retorno do Savings, é tão ruim quanto o da Poupança? Não... É pior! 6.17% + TR ao ano pra Poupança (máximo) e 0.43% ao ano no Savings. Esse retorno da Poupança corresponde a 0.5% ao mês quando a SELIC está acima de 8.5%. O do Savings é a média atualmente. Isso significa que, para ter o mesmo retorno de 1 ano da Poupança brasileira, o investidor de Savings precisa esperar cerca de 15 anos! Fora o imposto! A crueldade é que a inflação de 2016 do Tio Sam foi de 2.07%. O dinheiro no Savings se esvai a cada ano...

Mas há alternativas? Sim, mas não se anime. Estamos focando em investimentos seguros de alta liquidez para a reserva de emergência. Esse tipo de investimento tem rendido abaixo da inflação aqui. Não é recomendável ter dinheiro em ações para esse propósito. E o que fazer, então?

  1. Procurar alternativas que diminuam o prejuízo.
  2. Ter apenas o necessário para reserva nessa classe de ativo. Investimentos de médio e longo prazo devem ir para alternativas de maior risco.
  3. Conformar-se. Atualmente não há muito o que ser feito porque as taxas de juros do Tio Sam estão bem baixas. Esperemos pelo futuro. Taxas altas de juros também tem seus efeitos colaterais na economia, então não dá pra ficar torcendo por uma coisa ou outra.

Uma possibilidade são os Savings online. Você abre uma conta e gerencia pela Internet, sem agências. Chegam a dar 1.35% ao ano de retorno. Ainda abaixo da inflação, mas melhor que 0.43%. Nesse link há uma comparação entre algumas contas: https://www.nerdwallet.com/blog/banking/best-high-yield-online-savings-accounts/

Outra possibilidade são os Money Market Accounts. Essas contas investem em títulos de curto prazo e são garantidos pelo FDIC (o FGC daqui). Há retornos de 1.25% no MMA. O problema é que, normalmente, há exigência de depósito mínimo para usar essa conta sem taxas. Veja comparação de contas em vários bancos neste link: http://www.bankrate.com/banking/savings/rates/?ic_id=lightbox_cd_to_sav

Outra opção são os CD (iguais aos CDBs do Brasil). O problema: a liquidez não é diária e há exigência de valor mínimo para os títulos. Para funcionar como reserva de emergência, os CDs teriam que ter prazo curto. Atualmente, CDs de 1 e 2 meses rendem 0.3% ao ano, no máximo. Para 3 meses, 1.21% ao ano. Ainda está abaixo das opções anteriores. Com 6 meses chegamos a 1.37% ao ano. Os CDs talvez possam ser usados para uma pequena parcela do seu fundo de emergência. Ao guardar 6 meses, um dos meses estaria no CD, por exemplo.

Enfim, na data em que escrevo, não existem opções para um fundo de emergência seguro que renda acima da inflação no Tio Sam.   :-(

Atualização (28/07/2018): Quando escrevi esse artigo não imaginava que encontraria um problema: essas contas de savings online são somente para cidadãos ou portadores de greencard. 
Passei horas hoje procurando um banco que topasse abrir conta pra mim, mas nada feito.
Para não residentes, temos que nos conformar com taxas de savings de 0,01% a 0,4% ao *ano*! Residentes conseguem taxas de até 2% ao ano.
Se você é residente, aproveite! Não deixe seu dinheiro parado num savings de banco de concreto. Lembre-se que há pessoas que não tem a mesma oportunidade que você.

Veja informações quentinhas diariamente no Twitter do Meu Dindim no Tio Sam: https://twitter.com/meudindimtiosam

sábado, 15 de julho de 2017

Colocando os carros na frente dos bois

Observei um pouco este blog e, após duas postagens, me dei conta de que nunca me apresentei e nunca expliquei porque coloquei esse blog no mundo.

Antes tarde do que nunca, vamos às apresentações.

Primeiramente, gostaria de apresentar Meu Dindim no Tio Sam. Concebi esse projeto pensando nos brasileiros que estão planejando ou em vias de se mudar para os Estados Unidos ou para brasileiros que já moram aqui e investem só em Savings e no plano de previdência da empresa porque simplesmente estão perdidos e não sabem por onde começar a considerar outras opções.

Essa era exatamente a minha realidade e resolvi procurar algum site que me ajudasse a sair desse barco. Algumas buscas no Google me mostraram posts no Info Money, Exame, Valor Econômico explicando como brasileiros poderiam abrir conta em corretora e como enviar dólares para investir nos Estados Unidos. Mas a ideia era voltada aos brasileiros que pretendiam continuar morando no Brasil.

Não encontrei nada escrito de brasileiro para brasileiro, para quem mora ou pretende morar nos Estados Unidos. Talvez tenha procurado muito mal, então, se alguém tiver alguma recomendação, por favor coloque nos comentários lá embaixo.

Não saber o que fazer me deixou bastante incomodado. Quando eu vivia no Brasil tinha um pouquinho investido em fundos, um pouquinho em Tesouro Direto, um pouquinho em ações e nada em poupança. Cheguei a ganhar um pouquitinho com opções, mas depois perdi 100% de tudo que havia ganhado com elas. Outro dia eu conto essa história.

Bom, não havia outra solução pra mim a não ser arregaçar as mangas e começar a estudar o assunto. Comecei com um curso de extensão de dois sábados na Universidade de Stanford (gente coisa é outra fina), que fica no quintal de casa (alguém feche a boca dele, por favor?). O curso era sobre aposentadoria no século XXI e abriu minha mente. Aprendi não somente sobre opções de investimento, mas também a como planejar minha vida financeira para chegar até a aposentadoria com meu próprio dinheiro. Além disso recebi uma injeção de incentivos que me levou a querer trabalhar mais no assunto.

Gradualmente fui ficando mais a par das coisas e descobri que investimentos nos Estados Unidos tem algumas semelhanças com o Brasil. Então a ficha caiu! Manteria esse conhecimento apenas para mim ou comparilharia com outros brasileiros que precisam dessa informação. Vocês já sabem a resposta:



Mas quem sou eu? De onde vim? Para onde vou?

Meu nome é Márcio e não, nunca estudei economia ou qualquer coisa ligada a finanças. Sou engenheiro de computação e trabalho com automação de equipamentos científicos para aceleradores de elétrons. Trabalho nos aceleradores da Universidade de Stanford (sei não, esse cara me parece metido demais...). Mas... você vai se meter a besta de escrever um blog sobre investimentos? Sim! Quem falou que só economistas podem cuidar do próprio dinheiro?

Eu sempre gostei de assuntos ligados às finanças pessoais desde a infância. Sempre poupei minha mesada para comprar algo bem legal após alguns meses. Fazia controle de gastos num caderninho durante meu período na universidade. Depois mudei do papel para Excel e migrei para o Microsoft Money. Hoje fui pro open source: GnuCash.

Atualmente aprendo com duas fontes de informação principais: Empiricus e Clube dos Poupadores. Nos Estados Unidos tenho lido artigos da Morningstar. Recomendo dois livros:

  • Crash - Uma Breve História da Economia, de Alexandre Versignassi. Esse livro explica como funciona o dinheiro no mundo. Você termina o livro com uma compreensão incrível do mundo do dinheiro. Abre a mente, garanto.
  • Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, de Gustavo Cerbasi. Muitos dos conceitos de planejamento financeiro que aprendi no curso aqui de Stanford estão muito bem mastigadinhos nesse livro. 
Inevitavelmente eu vou acabar escrevendo alguma besteira, então agradeço a ajuda de qualquer leitor, seja alertando sobre algum erro, seja jogando pedra. Ouviram? (cri - cri - cri). Ninguém? Tudo bem, um dia vai ter alguém me acompanhando aqui.

Na hipótese de alguém considerar esse conteúdo útil, sempre que tiver interesse que eu desenvolva algum tema específico é só escrever o seu pedido nos comentários que eu terei o maior prazer de pesquisar sobre o assunto.

Obrigado pela leitura! Agora, vamos investir?

Disclamer: não recebo dinheiro algum para fazer recomendações. Por sinal, meu visto H1-B me proíbe de ter qualquer renda extra além do meu salário de Stanford. Nem que eu quisesse (e realmente não quero), eu poderia receber algum tipo de patrocínio. Só recomendo aquilo que foi útil pra mim algum dia e acho que será útil para meu leitor.

A Escada Rolante de CDB

Tudo começou quando eu estava procurando alguma opção pra minha reserva de emergência que pudesse render mais do que os 0,2% ao ano  (!!!!!)...